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TikTalk

  • Martha Sampaio
  • 11 de jul. de 2019
  • 2 min de leitura

Levava os dois pelas mãos. Caminhavam com passinhos alegres e curiosos e suados rumo ao primeiro de tantos dias - que a mim pareciam infinitos - na escola. Tirei uma sesta. Levava, então, um e outro não mais pela mão. E não mais para a escola. Caminhavam com passos firmes e ainda curiosos - e ainda suados, talvez - para o voo do restante de suas vidas.


Vida é essa divina, linda e esquiva concessão de tempo. Que se consome com fúria e soberba - enquanto crescemos um filho, enquanto insistimos no abraço e nos laços, enquanto respiramos nossas pausas, enquanto nos embriagamos de instantes como de bom vinho - com respeito, delicadeza e amor. Ou, enquanto idealizamos. Lamentamos. Sonhamos. Recuamos. Antecipamos. Reclamamos. Desesperamos. E esperamos.


Escolhendo isso ou aquilo, essa divina, linda e esquiva concessão nos pega sem remorso ou cerimônia. Poucas pessoas conseguem conciliar. Cruzam por aqui com a intensidade que move poetas, não poetas e afins. Como o cara bonitão aí da foto. Pulsam com a alegria, com a leveza e a paixão que reverencia cada maldito segundo que - oh! - já se foi.


Tá bem - viver cada segundo como nunca mais é sublime. Mas a vida, coitada, nem sempre caminha na cadência mansa e macia do poeta. A pedreira, por vezes, é silenciosa com suas esquinas confusas e mal iluminadas. Funciona assim - nem sempre nos encontramos com nossas escolhas. Mas é o que temos.


Vá, então, que uma pausa preguiçosa caia bem. Cutucar nossos confortos e desconfortos pode ser bom e até divertido. E se o tempo tem pressa, que se dane. Não raro é na pausa que o coração se mostra inteiro - só para nos lembrar, metido e chato, que não podemos ter tudo. Mas um tantinho a mais de alegria, de leveza e paixão, sim. Já que estamos por aqui - gozando desta linda, divina e sempre revogável concessão.


Até.


:) É bom ter você aqui.

 
 
 

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