E se eles fossem mulheres?
- Martha Sampaio
- 15 de mar. de 2022
- 2 min de leitura

Esse mês dedicado às mulheres - e neste contexto triste de uma guerra - dá o que pensar.
John Lennon cantou: All we are saying is give peace a chance. Imagino-o feliz, ouvindo-nos acrescentar: All we are saying is give women a chance…
Mulheres lutam bravamente pela igualdade de gênero. Que assim seja. Mas, por favor, que se limite a usufruirmos dos mesmos direitos. De ocuparmos os mesmos espaços. De conquistarmos as mesmas oportunidades. O mesmo respeito. Sim, respeito. E só. Porque somos essenciais exatamente pelo o que somos.
Guerra, sob qualquer ângulo que você veja, é a vitória da ganância, do egocentrismo, da fome enraivecida por controle e poder.
Imagina infiltrar, nas trincheiras, um ponto de vista firme e gentil. Infiltrar um tantinho a mais de compaixão e coragem - veja bem, com precisão cirúrgica! Imagina infiltrar um tanto mais de flexibilidade, de audácia com cautela, um tanto mais de empatia e intuição. Imagina a vaidade do lado de fora. E ainda misturar tudo isso com um esforço impregnado de amor.
Imagina a ressonância de vozes femininas compartilhando decisões e negociações.
Há urgência em alcançar o equilíbrio possível de forças e intenções. Há urgência no reencontro da humanidade com a sua natureza feminina. Que mora na mulher. E pode também morar nos homens, a quem nossos ventres acolhem, gestam e educam.
E se eles fossem elas?
Mulheres de todas as origens, culturas, ideologias, classes, de todas as religiões, desejos e esperanças, mulheres de todas as raízes tomam seus postos.
Antes do primeiro míssil ser lançado, lançam-se a si mesmas de alma escancarada para evitar o evitável. Resolutas. Sentam-se à mesa. Enérgicas. Olham-se nos olhos e pressentem a lágrima nos destroços da dor. Assertivas. Aliam-se sem nada dizer. Sábias. Cerram punhos para defender a bandeira da conciliação. Gritam em uníssono. Calam as bombas. Tudo que se ouve é o estrondo silente da paz.
Ansiamos, sim, por igualdade. Ansiamos pelo entendimento de que a vida tem mais chance de vencer pelo olhar do feminino que habita em todas e em todos. Alguma dúvida?
Até.
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