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Aqui na Terra nós chamamos isso de esperança

  • Martha Sampaio
  • 26 de mai. de 2022
  • 2 min de leitura



Inseridos num contexto que nos suga emocionalmente, nosso discernimento é contaminado. O cérebro entorpece e a visão embaça. Para isso existe a terapia, a pedreira do amadurecimento, algo que nos ajude a tomar distância dos fatos, sair da cena para conseguir enxergar nossos dramas em perspectiva, e encontrar a saída.


Voilà! Imagine que seja esse o propósito da corrida bilionária ao espaço - sair da cena para enxergar lá do alto o que, de pertinho, é impossível aos olhos.

Críticos falam em escapismo - uma fuga à realidade. Ou a vida imitando a arte. Lembra-nos os filmes de ficção científica turbinados pela adrenalina do final dos tempos, onde os poderosos planejam seus casulos salvadores para o dia do apocalipse. Faz sentido, porque o apocalipse já anda por aqui.


Bilhões são lançados no espaço enquanto o mundo agoniza de fome, agoniza à beira de um abismo social, climático e sanitário. Tem que haver alguma explicação menos midiática e mais razoável para isso.


Sou amiga do novo, da tecnologia e da ciência, sou grata à penicilina, à luz elétrica, a tanto. Sou grata aos nossos antecessores e contemporâneos que saíram e saem da caixa, loucos eles! Criativos. Inquietos. Subversivos. Precisamos deles. Preciso deles. Não levo jeito para fazer fogo com pedra. Mas tudo tem limite.


O estudo “Lucrando com a dor” da organização humanitária Oxfam aponta que, de 2020 para cá, surgiu um novo bilionário a cada 30 horas no mundo, contra a estimativa de um milhão de pessoas empurradas para a pobreza extrema a cada 33 horas em 2022.


Nunca vi o redondo lindo do planeta azul a milhas e milhas de distância. É de perto que enxergo abundância. Temos para todos. Desde que essa bola comece a girar pro lado certo.


Por que os bilhões no espaço? Por que não numa via que atenue o abismo?


É feio virar as costas com a casa pegando fogo, meninos. Vocês são visionários, são geniais. Vocês têm capacidade intelectual e têm os recursos. Imaginem canalizar uma parcela dessa energia para ajudar a colocar ordem na casa.


Seria lindo.


Como deve ser lindo o espetáculo lá de cima. Tomara que dê a vocês uma visão mais nítida. E mais abrangente. Aqui na Terra nós chamamos isso de esperança.


Até.


 
 
 

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